A contestação contra o sistema de coisas tornou forma ideológica através do Punk.
Com o visual fugindo dos padrões que a sociedade impõe através do modismo, mostrando sua revolta pelo corte de cabelo à moicano (ou cabelos espetados) coloridos, roupas velhas surradas (em oposição ao consumismo), jaquetas arrebitadas com frases de indignação às injustiças do Estado repressor e a atitude subversiva, se mostra o PUNK.
Esse movimento não fica calado, acomodado, como a maioria dos jovens e o povo em geral, fazendo manifestações, panfletagens, boicotes, passeatas: mostrando sua cultura e seu repúdio a todas as formas de fascismo, nazismo e racismo, autoritarismo, sexismo e comando; vendo como solução a autogestão (ou seja anarquia) para a libertação dos povos, raças, homens e mulheres.
Em palavras mais claras, autogestão seria a organização dos povos sem fronteiras nem lideranças autoritárias e partidárias, com plena igualdade, onde todos participariam da resolução dos problemas sociais. O punk também mostra sua cultura anticapitalista pelo FANZINE (jornal político-alternativo), pela música HARDCORE, som simples e direto, não comercializável, trazendo propostas políticas, seu comportamento livre e objetivo, fazendo com que o Punk NÃO SEJA UMA MODA e sim um modo de vida e pensamento.
Atualmente o movimento atua com outros oprimidos grupos como: homossexuais, por achar que todos têm o direito de opção sexual sem ser discriminado; grupos de negros, feministas e outros grupos de atividades alternativas e libertárias. Também mantém ligação com outros punks do Brasil e mundo, levando a cultura internacionalista, não patriota.
Saiba e conscientize-se que Punk não é bagunça, muito pelo contrário é um movimento cultural de luta e ação direta, de liberdade de expressão e de comportamento. O movimento que surgiu a quase duas décadas, como contestação, evoluiu evolui até hoje...
CÍRCULO ANTI-PRECONCEITO
Mundo besta, cheio de gente besta e de valores bestas. Um mundo de garotos e garotas aprisionados por fraudes e por diferenciações preconceituosas. Besta tal qual a idéia de que preto, branco, ling ou tcheca faz alguém menos ou mais que alguém.
Um mundo de rapazes machistas e prepotentes que tem em sua estupidez seu maior culto, rapazes que querem ser fortões, ricos, bem vestidos, adaptados ao social, apoiados sobre o pênis cetro “do poder”. Garotos que concorrem por garotas e as enxergam como troféus e como coisas a que se possa possuir.
Um mundo de garotas possessivas e prepotentes que tem em sua idiotice seu maior culto, garotas que querem ser “gostosas”, ricas, consumistas, adaptadas ao sistema, apoiadas sobre a chantagem sentimental. Meninas que concorrem por meninos e que querem ter e ser “troféus” e que querem ser objetos e possuir.
Gente que pensa em mudar sua natureza para se adaptar aos preconceitos sociais, para fazer o jogo dos porcos, gente que desrespeita as vontades e os gostos de cada um para seguir o jogo do preconceito, gente que discrimina homossexual, que ainda acha alguma lógica em racismo ou que mata e morre por uma fronteira.
Um povo que segue como água suja pelos canos de esgoto do sistema nas mãos dos encanadores do poder. Um povo que tem problema de coluna que nasce e morre de cabeça baixa em sinal de submissão e prontidão para tomar choque, um povo que tem dificuldade mental, que balbucia algumas palavras, que vomita da goela apenas “sim senhor”. E as religiões ajudam os ricos a mandar nos pobres!
Um lugar fervilhando revolucionariozinhos que batem punheta com esquerdismo e que idolatram deuses e mitos estúpidos. Um lugar de revolucionáriozinhos de bar interessados em fazer pose de rebeldia e aparecer um dia nas páginas da Veja. Revolucionariozinhos medíocres que adotam rótulos que desconhecem e que dizem defender o que não entendem.
Uma latinha de merda cheia de estupidez, onde governantes e poderosos jogam bosta ao povo, onde o povo come a bosta. Uma latinha de merda cheia de medíocres conhecidos por nacionalistas, milicos, religiosos, políticos e comedores de merda, uma merda sem latinha, esparramada fedendo com o mal cheiro das hipocrisias, fazendo dessa vida uma literal bosta.
Uma sociedade militarizada, onde os porcos de farda estão vigiando permanentemente em todos os lugares, uma sociedade hierarquizada onde os ricos donos do poder cravam suas botas tão caras nas cabeças dos explorados e marginais, uma sociedade burocratizada onde para se fazer qualquer porra precisa-se de permissão dos monarcas.
Ruas por onde ao mesmo tempo transitam corpos tão diferentes, mas que se odeiam com igualdade, ruas que conduzem todos a lugar nenhum, continuamente a todo instante, ruas escorregadias por onde os cérebros têm que passar pendurados nos fios de alta tensão.
E aí está você, no meio de toda essa gosma, seguindo junto ou observando.
O punk não vive só de negar o sistema, ele aponta uma opção de luta por uma vida livre.
O punk tem mil motivos para se revoltar, por isso revida sem limites.
O punk se opõe e odeia todo tipo de poder ou autoritarismo, tudo que oprime a liberdade de se expressar ou de pensar do ser humano, por isso eles dedicam a sua vida na luta por uma nova sociedade livre de qualquer preconceito, exploração. E essa sociedade é claro que só pode ser a plenitude de uma sociedade anarquista.
O punk é anarquista por essência, é libertário por convicção e não por conveniência, por isso ele anarquiza o cotidiano e cotidianiza o anarquismo. Estão todos juntos por uma mesma causa, mas cada um é anarquista da sua forma, do seu jeito, por isso cada um tem seus métodos, na maioria das vezes a “ação direta”, mas o que é mais importante é que se faça valer o seu lema “do it your self” (faça você mesmo), por isso o punk além de altruísmo, significa também “responsabilidade”.
Uma de suas formas de protesto, de diversão, e de principalmente, divulgar a sua ideologia, é através também da música, “O Hardcore”, um som simples e direto, que abordam letras coerentes com temas políticos, envolvendo a “realidade incógnita”, é um som incomercializável, a palavra “fama” é estranha à essência do hardcore, pois não tem afinidade alguma em produzir lucro. “A dança”, é um pouco a qual expelem sua angústia, o seu sentimento, de emoção e repúdio.
O punk é um ser humano como outro qualquer, mas com uma vantagem, são mais sensíveis porque vivem a “cruel realidade”, não se deixam manipular pelas instituições dos poderosos, por isso, quanto mais sabem a realidade que os outros seres humanos não conseguem enxergar (mesmo na sua frente), mas ele se sente ofendido e mais o seu ódio aumenta, por isso ele é um ser aflito, sua rebeldia não é a toa e sua volta é crescente, a sociedade está em decadência e tudo o que nos rodeia, nos transmite repúdio.
Pois ele ama o seu ódio e o amor, a coragem e o ódio juntos são mais fortes do que a hipocrisia e a ganância, mas o seu coração é muito forte e por isso resistiu até o fim, pois ele faz acontecer!
PUNK SEM PRECONCEITO
Esse sentimento estúpido do ser humano! Onde você quer ser mais que os outros?
Somos todos iguais sem exceção. Todos temos os mesmos direitos de seres humanos. Você acha que é melhor porque sabe mais? Por que tem mais experiência? Passe essa experiência para os outros! Dê oportunidade para todos. A melhoria do mundo depende de cada um de nós. Depende de nossas atitudes, depende da nossa vontade, de nossos ideais.
Como você quer um mundo melhor se nem ao menos respeita seu vizinho? Se nem ao menos olha para a cara dos negros? Se você acha que homossexualismo é doença? Pele, sexo, idade, opção sexual, e nível de riquezas, não fazem diferença, somos todos seres vivos e pensantes que temos o chamado “livre arbítrio”!
Se temos essa liberdade porque somos condenados pela sociedade ao praticar certos atos ou pensar de certas formas? É interessante como de um lado nos dão liberdade e do outro nos castram até nos fazer animais domésticos! A sociedade nos dá liberdade, mas A SUA liberdade! Merecemos respeito, mais com os critérios que ela acha certo! Sempre também falam que somos iguais perante Deus, mas só perante Ele né?
Porque aqui é estruturada toda uma hierarquia estúpida onde os mais velhos dominam a verdade e os mais novos? Não interessa se você é mais velho, se é você que senta numa poltrona e eu numa carteira! A única diferença é que você nasceu antes de mim porque de resto é tudo igual, não merece nenhum mérito a mais que eu ou que qualquer um! Você merece seu devido respeito a sua liberdade individual, mas isso todos merecemos! É respeitando que se ganha respeito!
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